Mas quem sou eu?
Que nem mais minha caneta me obedece,
Não quer traçar as linhas
Que antes mesmo de eu querer traçar
Já estavam traçadas
Minha mão já não quer mais
Tocar aquilo
Que antes mesmo de eu querer tocar
Já foi tocado
Meus pés, meu corpo
Já não querem reagir àquilo
Que antes mesmo de eu querer reagir
Já havia reagido
Mas quem sou eu?
Que só venho depois dos outros
Um eu que não pode tocar em qualquer obra tocada
Não posso mais viver,
Pois antes mesmo de viver
Já havia vivido
Mas que eu sem sentido!
Tudo que vivo agora já havia vivido?
Mas minha memória vai funcionar
Porque que eu me lembre
Minha memória nunca viveu outras vidas
Ai daquele que rasga o coração
Para o amor retirar
Porque esse nunca passou nem passará
( Dalila Lima )